O setor de Safim, na região de Biombo, está num ritmo de desenvolvimento acelerado em termos de construção de casas habitacionais, fábricas industriais, comércios e outros investimentos, tendo motivado pessoas singulares e empresários a injetarem muito dinheiro para a obtenção de espaços para a construção de casas ou armazéns.
O “Nô Pintcha” esteve esta semana nessa zona para reportar o nível do progresso, sobretudo na vertente de construção de habitações.
A grande procura de terrenos no setor tem provocado conflitos entre os populares da zona, tendo como problema fundamental quem tem a legitimidade de vender parcelas de terreno aos interessados.
Safim é a porta da entrada e de saída da capital Bissau que no passado era uma localidade completamente isolada.
Nos últimos tempos, devido ao desenvolvimento demográfico, as autoridades locais solicitaram a circulação de transportes urbanos (toca-tocas e táxis), que fazem carreiras todos os dias, entre Bissau e este setor, com o objetivo de minimizar a procura das populações desta zonza que na sua maioria trabalha em Bissau.
O setor possui também dois postos privados de venda de combustíveis, Petromar e Rosário, com um horário de funcionamento de 24/24 horas.
Um outro passo progressivo do setor é que, a população dessa zona, já não tem problemas com o fornecimento de água potável, que na maior parte das zonas urbanas de Safim já conta com a rede de canalização deste líquido precioso. O Comité de Estado foi reabilitado no seu todo, graças ao empenho do atual administrador, Líbano Gomes Dias, segundo afirmaram alguns populares durante a nossa reportagem.
Posse de terra é uma situação muito delicada
Relativamente à luta pela posse de terra entre populares da zona e até entre familiares a reclamarem o direito de terreno, muitas vezes resulta em espancamentos, ferimentos e até em mortes, entre os interessados.
Líbano Gomes Dias, administrador do setor de Safim
O administrador de Safim lamentou esta situação e disse que o conflito que impera no meio das populações é muito complicado. Assegurou que, atualmente, em todas as regiões do país, a posse de terra transformou-se numa riqueza espontânea, onde a esperança das pessoas para sua sobrevivência recaiu na venda de terrenos.
Na opinião de Líbano Gomes Dias, esta situação é muito delicada e é preciso trabalhar com cabeça, a fim de sensibilizar as pessoas a abdicarem da violência. “Este é o meu grande trabalho desde a minha nomeação como administrador para este setor. É preciso ter paciência neste processo e conversar com as partes beligerantes para que ninguém saia a perder, esta é única via para resolver os diferendos de posse de terra”.
Afirmou que a disputa dos terrenos nesta zona foi motivada pela saturação das pessoas em Bissau, facto que levou os citadinos da capital terem estado a procurar as zonas periféricas para construírem suas habitações ou armazéns para os seus negócios, “é por isso que os populares de Safim e de outras zonas entram em confronto na venda dos terrenos”.
“Não é fácil gerir a disputa de posse de terra em Safim, há que saber conversar com as pessoas e trabalhar para que não haja violências físicas que muitas vezes provocaram derramamento de sangue,” explicou o administrador.
Mercado dominado por estrangeiros
Relativamente ao comércio, o mercado central foi reabilitado quase de raiz, tudo está em condições e munido de todos os requisitos exigidos, quer da segurança assim como em termos da higiene, faltando neste momento a sua inauguração.
Durante a reabilitação do referido mercado e até a presente data, os feirantes e utentes utilizam os mercados improvisados sem condições mínimas de higiene. As vendedeiras vendem o pescado e outros produtos rentes ao chão.
O administrador do setor de Safim, Gomes Dias prometeu que, brevemente, os utentes do mercado vão aliviar-se desta situação, porque o mercado central já está reabilitado e tem todas as condições para albergar pessoas e produtos alimentícios.
A administração local, independentemente de diligenciar para a reabilitação do mercado central local ordenou a construção de um novo matadouro para o abate do gado bovino, com o objetivo de dar mais segurança em termos da higiene e salubridade. De acordo com o administrador, o antigo matadouro não reunia as condições mínimas para o abate do gado.
“Mandei fechar o antigo matadouro e construí um novo para garantir o saneamento alimentar das pessoas, só assim é que podemos ajudar as nossas populações”, disse o nosso interlocutor.
No entender deste representante do Governo neste setor, o custo do tratamento de saúde das pessoas não é barato por isso, é bom que tenhamos cuidado com os alimentos que utilizamos.
No que tange ao comércio em geral, os cidadãos da Guiné-Conakri dominam o mercado, onde ‘semearam’ muitas mercearias na berma das estradas e ao lado das suas casas, onde vendem quase todo o tipo de produtos alimentícios, a preços um pouco elevados em relação a Bissau.
Infraestruturas escolares
No quadro do sistema educativo, o setor de Safim está a ganhar uma nova dinâmica com a existência de muitas infraestruturas escolares em boas condições para os alunos e professores. A igreja católica construiu duas unidades escolares com grande capacidade de albergar alunos de todos os níveis, assim também, o Estado não ficou atrás e cumpriu com a sua obrigação de construir muitas unidades escolares em parceria com os seus parceiros de desenvolvimento, como a Plan Guiné-Bissau, a Ajuda do Povo para Povo (ADPP), Amigos das Crianças (AMIC) e outros parceiros não-governamentais.
No que toca a aprendizagem, muitos observadores na área educativa em Safim afirmaram que os alunos têm todas as condições para aprender com toda a facilidade, porque este ano os parceiros do Governo forneceram a todos os alunos materiais didáticos a custo zero, é só levantar e preservar.
O maior problema deste ano letivo em relação às últimas épocas, torna-se como moda. Na beira do final do ano letivo, os pais e encarregados da educação deixam os seus educandos ir à campanha de comercialização da castanha do caju e o mais grave, leva-os a cumprir usos e costumes (fanado).
Vadinho Gomes, responsável das Estatísticas
O responsável das Estatísticas do Ministério da Educação no setor de Safim, Vadinho Gomes Té lamentou esta situação e pediu aos pais e encarregados da educação das crianças para não serem “ignorantes” e deixarem os seus filhos e educandos a continuarem com os seus estudos que os servirá no futuro como pilar da família e não só, na contribuição para o desenvolvimento do país.
No entender do administrador de Safim, é bom que o Estado tome medidas para pôr termo a esta prática. No entender do mesmo, o Governo deve elaborar uma lei que proíba o fanado no decorrer das aulas, porque isso prejudica as crianças no seu saber, “quando não há medidas para estancar esta prática, tudo vai continuar na mesma e amanhã o país vai sofrer com isso,” disse Líbano.
De lembrar que, nos meados recuados, os estudantes do setor de Safim estudavam da 1ª classe até à 7ª classe, por causa da não existência de Liceus nesta zona, e os alunos que, na sua maioria, são jovens, se pretendessem continuar com os seus estudos eram obrigados a mudar a residência para Bissau.
Presentemente, com a existência dos Liceus, estes jovens já não têm problema de concluir os seus estudos, com exceção da frequência universitária ou centro de formação profissional.
Técnicos de Saúde pedem ampliação do centro
Paralelamente, o crescimento de desenvolvimento de Safim confronta-se com enormes dificuldades de cuidados médicos, devido à existência de um único centro de saúde que esta zona possui e que não reúne nenhumas condições para receber os pacientes.
Janete Malak, responsavel de centro de saúde local
Durante a nossa reportagem, acabamos por saber que este centro de saúde têm uma única cama de pré-parto (marquesa) para as grávidas quando dão à luz, e esta serve também para os doentes receberem os primeiros socorros ou para aplicação do soro.
Este centro de saúde, não têm nenhuma cama para o internamento dos doentes, são obrigados a recorrer a Bissau.
A responsável do centro, Janete Malak pediu ao Governo no sentido de prestar atenção a este centro hospitalar, porque o número de pessoas que habitam neste setor ultrapassa a capacidade deste centro de saúde, “não temos condições para tal”.
“Primeiramente, queremos que este centro seja ampliado e esteja voltado para hospital de atendimento de várias patologias, há espaço para que isso seja feito, temos grandes técnicos, mas não temos condições para cumprir com as nossas obrigações de fazer os pacientes libertarem-se das doenças”, lamentou Janete Malak.
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