Guilherme Raj (Universidade de Utrecht)
7 de fevereiro de 2023, 14h00
Evento em formato digital
Apresentação
Os estudos queer rurais nos convidam a examinar como o gênero e as relações sexuais organizam os sistemas agroalimentares. Esses estudos oferecem críticas ao heteropatriarcado em sistemas agroalimentares e identificam estratégias empregadas por pessoas agricultoras queer para garantir meios de subsistência prósperos no campo. A comunidade que apoia a agricultura (CSA) é um esquema de abastecimento agroalimentar que pode ser visto como um espaço político onde se vivem estratégias emancipatórias. No entanto, o impacto da CSA no agênciamento de pessoas queer em sistemas agroalimentares rurais permanece incerto. Este estudo investiga se e como pessoas queer de uma CSA rural se sentem (des)empoderades para se tornarem participantes atives. As experiências de 11 participantes queer de uma CSA no Alentejo rural, sul de Portugal, servem de estudo de caso. Os dados são coletados por meio de observação participante, entrevistas semiestruturadas e um grupo focal com participantes da CSA e analisados por meio do Open Coding, seguido do Focused Coding. Os resultados mostram que a CSA pode catalisar o empoderamento de pessoas queer, permitindo participantes queer de construirem sistemas agroalimentares que reflitam os seus interesses e objetivos, ao mesmo tempo em que se sentem auto-confiantes para expressar queerness. A CSA aproxima as fronteiras entre as esferas pública e privada e pode gerar experiências contraditórias de empoderamento. Embora a CSA crie relações recíprocas e colaborativas entre participantes de diferentes identitidades de gênero e sexual, esta iniciativa pode reproduzir um sistema agroalimentar segregativo.
Nota biográfica
Guilherme Raj (ele/dele) é brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, e está no último ano de doutoramento na Universidade de Utrecht, Holanda. A sua pesquisa é focada nas relações de poder dentro de comunidades de base do setor agroalimentar, e como tais relações influenciam processos de transformação social que surgem dessas dinâmicas coletivas. Em particular, transformações para (a) relações de trabalho pós-capitalistas, (b) empoderamento queer em sistemas agroalimentares rurais, e (c) maior valorização do papel de mulheres produtoras na construção de experiências coletivas. Guilherme é membro da cooperativa integral Rizoma, em Lisboa, e está envolvido com diferentes CSAs em Portugal e Itália no âmbito da sua pesquisa.
Esta atividade realiza-se através da plataforma Zoom, sem inscrição obrigatória. No entanto, está limitada ao número de vagas disponíveis >> https://zoom.us/j/84849343243 | ID: 848 4934 3243 | Senha: 399237
Agradecemos que todas/os as/os participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. A/O anfitriã/ão da sessão reserva-se o direito de expulsão da/o participante que não respeite as normas da sala.
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