Como a IA está aumentando a segurança alimentar e melhorando a vida dos pequenos produtores rurais
As tecnologias, com consultorias focadas na resolução de problemas, podem ajudar os pequenos produtores na gestão de seus negócios
De acordo com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020. O mesmo relatório estima que 118 milhões de pessoas no mundo sofrem de fome crônica.
Alguns empreendedores estão completamente cientes dessas verdades e estão inventando maneiras de alavancar novas tecnologias para lidar com esses tristes cenários. Com isso, o aprendizado de máquina e outras tecnologias baseadas em IA (Inteligência Artificial) não estão apenas na fase dos sonhos para a criação de soluções contra a insegurança alimentar global, mas já estão no local e em ação.
Práticas agrícolas insustentáveis
Muitas vezes, quando a tecnologia é considerada uma solução para a agricultura, ela surge como uma grande proposta de negócio trazida para grandes players. Nos Estados Unidos, existem aproximadamente 2,02 milhões de fazendas. O tamanho médio dessas fazendas é de 180 hectares. A agricultura representa cerca de 0,6% do PIB dos EUA, tendo grandes fazendas como as principais responsáveis por este número. O rendimento bruto das fazendas é dominado por fazendas cada vez maiores, e fazendas familiares menores lutam para sobreviver. Essa dinâmica é replicada em vários contextos em todo o mundo.
Parte da razão pela qual as fazendas familiares menores não podem produzir o suficiente para alimentar mais do que suas próprias famílias ou comunidades — elas próprias podem estar enfrentando a insegurança alimentar— , é que carecem de soluções tecnológicas para monitorar as condições do solo, melhorar o manejo do gado e agilizar as operações. Tais problemas estão frequentemente relacionados aos resultados de anos de práticas agrícolas insustentáveis.
Produtos químicos, desmatamento, superprodução e até práticas traiçoeiras dentro do agronegócio contribuíram para o estado atual da agricultura em todo o mundo. Acrescente a mudança climática e os agricultores estarão inegavelmente em uma batalha difícil para preservar e restaurar a terra. Sem uma forma sistematizada de monitorar as condições do solo e orientação especializada sobre o que a terra precisa, os agricultores podem não conseguir se adaptar a tempo.
Soluções de IA para restaurar a terra
Uma empresa não está apenas ofertando tecnologia e especialistas, mas também tornando-os globalmente acessíveis primeiramente aos pequenos agricultores. Dimitra, uma agtech global voltada para tecnologias aos pequenos produtores, é uma das vozes que defendem a agricultura baseada em dados. O fundador Jon Trask passou anos na área de tecnologia e desenvolvimento de negócios, trabalhando como consultor em firmas como KMPG, Deloitte, PwC e EY, e em projetos que movimentaram bilhões de dólares em produtos por meio de cadeia de suprimentos.
Soluções de IA para restaurar a terra
Uma empresa não está apenas ofertando tecnologia e especialistas, mas também tornando-os globalmente acessíveis primeiramente aos pequenos agricultores. Dimitra, uma agtech global voltada para tecnologias aos pequenos produtores, é uma das vozes que defendem a agricultura baseada em dados. O fundador Jon Trask passou anos na área de tecnologia e desenvolvimento de negócios, trabalhando como consultor em firmas como KMPG, Deloitte, PwC e EY, e em projetos que movimentaram bilhões de dólares em produtos por meio de cadeia de suprimentos.
Esse “resto”, os pequenos agricultores que se assemelham a uma espécie em extinção, passaram a ser seu foco. Dois projetos principais ilustram como a tecnologia desenvolvida por Trask está funcionando no mundo, apoiando pequenos agricultores:
Condições degradadas do solo em fazendas da Índia
A agtech Dimitra possui um contrato para atuar em 1,3 milhão de fazendas indianas. Sua plataforma é configurada para usar satélites na avaliação do desempenho das culturas, complementar esses dados com observações do produtor rural e sensores de solo e, em seguida, alimentar essas informações em um algoritmo de aprendizado de máquina para ajudar esses produtores a tomar melhores decisões sobre como preparar, semear, cuidar e colher safras e levá-las ao mercado.
O grupo de fazendas indianas monitoradas possuem solos em condições muito degradadas, o que não é exclusivo da Índia. É um problema comum em todo o mundo. Reconhecendo a extensão desse problema, a Dimitra Solutions tem o desafio de superar a impossibilidade de levar especialistas em solo a 1,3 milhão de fazendas. Por isso, eles estão colocando consultores à disposição dos produtores, além dos dados, aumentando a eficácia do dia a dia de forma totalmente digital.
Trask explica: “Estamos expandindo nossa capacidade atual e segmentando os dados que podemos ver dos satélites, tentando então regionalizar e construir uma série de categorias sobre a condição do solo. Então, vamos contar com cerca de 1.000 pessoas por alguns anos e enviá-las a um grande número dessas fazendas para coletar amostras de solo. Com isso, vamos criar uma relação entre o que vemos do espaço, o que vemos de um drone e o que vemos no solo quando o seguramos em nossas mãos.”
O resultado dos levantamentos são planos simples de recuperação do solo, planejados juntamente com a câmara de comércio para a agricultura e os agricultores se engajando ativamente na plataforma Dimitra. Os agricultores podem fazer login e carregar todos os tipos de informações e seus planos de ação específicos. Esses dados, gerados pelo usuário, podem ser visualizados junto com os dados do sensor de solo, dados de drones e dados de satélite. Usando o aprendizado de máquina, eles extraem novos insights que podem informar sobre os esforços de recuperação do solo, permitindo que os agricultores adotem práticas sustentáveis. A capacidade do Dimitra é fazer algo tão específico de uma fazenda em grande escala através da inteligência artificial.
Gestão da pecuária através da tecnologia
Um segundo projeto da Dimitra é realizado em Uganda, país da África, no NAGRC (Centro Nacional de Pesquisa Genética Animal). Com esse grupo, eles estão construindo um sistema que lhes permite usar dados históricos e genéticos sobre a linhagem do gado e descobrir maneiras de melhorar a saúde animal. Resultando na realização mais fácil de partos para as novilhas e uma maior produção de leite ou carne.
Para isso, a equipe da Dimitra construiu uma plataforma sobre genética animal, que está sendo continuamente modificada à medida que identificam características que desejam estudar mais a fundo. Cerca de 400 cientistas estão trabalhando no bem-estar animal e no gerenciamento da saúde dos rebanhos, que é uma missão importante na dependente economia rural na África Oriental. Para isso, os pesquisadores usam o recurso “My Livestock” na plataforma destinada a rastrear os animais.
As conversas com o ministério da agricultura do governo deixaram duas coisas claras: neste país em desenvolvimento, a necessidade de nutrição é aguda, especialmente para os jovens. Em segundo lugar, a capacidade de aumentar as exportações pode resolver os problemas dolorosos da pobreza. “My Livestock” é um dos principais produtos da Dimitra, já que a construção de sistemas de identidade para esse uso pode lidar com as ameaças iminentes enfrentadas por países ao redor do mundo.
Um bilhão de pessoas no planeta passam fome todas as noites e não têm alimento suficiente. O pequeno agricultor médio possui, em média, cerca de quatro hectares. Esse agricultor produz colheitas para alimentar sua família (circunvizinha e extensa). Eles consomem cerca de 80% do que produzem. O objetivo de Dimitra é usar dados e ferramentas de aprendizado de máquina para aumentar sua produção em 20%. Se antes esses agricultores levavam apenas 20% de seus alimentos ao mercado, a adoção da tecnologia de Trask pode dobrar essa renda.
A agricultura sustentável deve ser normalizada, e as ferramentas fornecidas aos agricultores devem representar o melhor que o mundo da tecnologia tem a oferecer. Trask entende que seus pares no mundo dos negócios, e até mesmo investidores, duvidam do retorno sobre o investimento em pequenas propriedades. Ele admite que há um bom motivo para duvidarem, mas analisa a situação por um ângulo diferente: “Esse grupo carente de agricultores representa a produção de quase 70% dos alimentos no mundo. Aumentar a produção e a receita em 20%, se distribuirmos corretamente e não desperdiçarmos, teoricamente poderia resolver a crise da fome mundial.” De acordo com Trask, “usando a inteligência artificial da Dimitra e a tecnologia em geral, eles podem dobrar sua produtividade, aumentar sua renda e produzir mais alimentos para a população mundial”.
Não há nenhum setor do mercado, em qualquer área do mundo, que não seja tocado pela agricultura. É, literalmente, o pão com manteiga que continua sendo a base para as economias mundiais. A ideia de começar pequeno para se tornar grande pode não animar investidores em um primeiro momento, mas o potencial para o futuro é enorme e inegável. Trask resume desta forma: “Dimitra está democratizando a agricultura para os pequenos agricultores, fornecendo o sistema operacional para a agricultura do futuro, mudando e melhorando a vida dos pequenos agricultores e de todos, ajudando a combater a pobreza, a degradação do solo e a fome.” Os agricultores não estão apenas alimentando o mundo: com as ferramentas certas, eles têm a capacidade de mudar muitos dos maiores problemas do mundo.
* Annie Brown é a fundadora da Lips, uma organização feminista de tecnologia na vanguarda do movimento de design inclusivo, desenvolvendo produtos projetados para dar oportunidades a comunidades carentes e marginalizadas. Atualmente, a Lips está construindo tecnologias de aprendizado de máquina e IA contextual mais inclusivas que podem ser usadas em todos os setores para melhorar a experiência online dessas comunidades.
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