1.º Direito. 6 meses depois os moradores do bairro da Torre continuam por realojar
icardina Cuthbert vai distribuindo, pelas três mesas que ocupam a sala, travessas com banana frita e arroz para acompanhar o peixe-espada grelhado, que a paróquia de Camarate trouxe. A comida sabe a Angola e ninguém poupa os elogios à cozinheira que também a pôs nas mesas. "Há quanto tempo não víamos esta sala assim?", desabafa, quando finalmente se senta, a dona da única casa de tijolos com eletricidade e água do bairro da Torre, em Camarate, concelho de Loures - junto ao Aeroporto Humberto Delgado. A recém-recuperada sala serviu de casa às 35 pessoas que viviam nas quatro barracas consumidas pelas chamas num incêndio em julho. A maioria das quais foi realojada pela câmara municipal e pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), na Margem Sul do Tejo ou na Apelação.
Flávia Fernandes também perdeu o pouco que tinha no incêndio mas continua sem ter para onde ir. Tem 53 anos e veio de São Tomé e Príncipe para Portugal há 34 anos. Agora, passa os dias perto de Ricardina, ajuda-a nas tarefas diárias e é ali que engana o estômago. À noite abriga-se no chão da barraca de um vizinho - uma construção tosca com tábuas de madeira e remendos de cartão.
Assim (sobre)vivem 44 famílias, cerca de 150 pessoas, nos terrenos ocupados ilegalmente desde a década de 1970. O bairro está dividido em dois, uma parte ocupada por angolanos e outra por ciganos. Mas dos dois lados da estrada de terra batida que separa as duas comunidades as condições são as mesmas.
Maria da Silva Fernandes.
"Se estiver aqui na barraca só choro", o lamento vem do outro lado, onde estão os ciganos. Maria da Silva Fernandes, de 51 anos, apressa-se a mostrar o sítio onde dorme: um bocado de cartão no chão. A chuva passa pelas frestas das tábuas que improvisam um teto, por isso a paróquia levou para ali tijolos doados para fazer melhoramentos; mas a polícia passa e leva o material de construção. "Dizem que não é permitido por lei ter tijolos aqui", explica José Salvador, o missionário comboniano que dá apoio à paróquia de Camarate há dois anos. "Mas as pessoas podem estar a passar frio e a ficar doentes. Temos dois hospitalizados. Isso já é permitido por lei."
O padre José Salvador passa pelo bairro quase todos os dias.
Bairro da Torre
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