Agronegócio é uma boa via na produção de alimentos (Angola)
O MPLA vai combater as assimetrias regionais com políticas de incentivo ao investimento ali onde entender ser necessário, garantiu ontem em Ndalatando o candidato presidencial João Lourenço.
Num comício no Largo 1º de Maio desta cidade, convocado para a sua apresentação aos militantes da província do Cuanza Norte, o também vice-presidente do MPLA disse que o combate às assimetrias “tem um lugar muito particular” no programa de governação do MPLA e referiu que agora que as eleições foram convocadas para o dia 23 de Agosto é que a corrida vai verdadeiramente começar.
Se vencer as eleições de 23 de Agosto, o Governo do MPLA vai reduzir os impostos para os empresários que investirem em áreas indicadas pelo Estado e criar outro tipo de incentivos para encaminhar o progresso e os investimentos para sítios que à primeira vista seriam inapropriados para implantarem os seus negócios, sublinhou o candidato presidencial, que tem vindo a expor o programa de governação pelas capitais de província.
Para João Lourenço, o investimento nos sectores da indústria, da habitação, da educação e da saúde pode alavancar o desenvolvimento. A indústria – explicou o candidato – é a prioridade porque gera bens e serviços e empregos, sobretudo para os jovens, mas “atrás deste sector vêm os outros três, porque é importante que o trabalhador tenha casa, escola para por os filhos e instituições de saúde da sua família”. Para alavancar o investimento, João Lourenço disse que o governo do MPLA vai trabalhar com o sector privado e com a sociedade de um modo geral, tendo em conta as responsabilidades que cabem a cada actor social.“Se cada um cumprir com a parte que lhe cabe, seremos capazes de garantir maior emprego para todos, em particular para os jovens, maior e melhor educação para todos, maior oferta de habitação e de cuidados médicos”, acentuou o vice-presidente do MPLA.
Potencialidades de Angola
O primeiro candidato a anunciar a corrida à Presidência entende que Angola tem capacidade para ser auto-suficiente em termos de abastecimento alimentar.“Nós não precisamos de importar comida. Temos capacidade de produzir não só a cesta básica, mas de uma forma geral todos os alimentos de que necessitamos, para o nosso consumo e para exportação”, declarou João Lourenço, dirigindo-se à multidão que assistia ao acto de massas.
A exportação de alimentos, referiu, pode ser uma importante fonte de arrecadação de divisas para o país, como acontece em outros países, como Brasil, que apostaram no agronegócio e ganham “rios de dinheiro” com este tipo de economia. Notando o facto de as características dos solos do Brasil, um gigante do agronegócio, serem semelhantes às de Angola, o candidato sublinhou que “a nós, falta-nos dominar as técnicas de cultivo intensivo para tirarmos o maior rendimento possível” da terra. Na sua apresentação pública em Ndalatando, João Lourenço prestou uma especial atenção às questões da agricultura e da economia, mas também à formação de quadros. O candidato disse ter constatado que os estudantes do Instituto Médio Agrário estão a assimilar o conhecimento científico e técnico para evoluírem na forma de tratamento e no maior aproveitamento da terra.
Sobrea conclusão da Barragem de Caculo Cabaça, localizada na província do Cuanza Norte, e de outras, João Lourenço disse que será possível aumentar a oferta de energia à população e ao pólo industrial do Dondo, onde foi aberta recentemente uma fábrica têxtil, e ao pólo industrial do Lucala, que está em fase de arranque.Além das indústrias, João Lourenço disse que o turismo e a agro-pecuária são também potencialidades da província do Cuanza Norte que o Estado está interessado em desenvolver.
De igual modo falou da atenção que há-de se prestar as principais vias que ligam os vários municípios, na medida em que o seu mau estado dificulta a vida das populações.O candidato prometeu “ir ao encontro do clamor destas populações”, no sentido de resolver este problema que afecta também a economia da província. Além disso, disse ter anotado a preocupação dos jovens ligada à construção de uma ou mais centralidades de Ndalatando, para a solução do problema da habitação. “O MPLA é um partido sensível às preocupações do povo. Nós ouvimos o povo e não esperamos deles apenas elogios. Esperamos que estejam à vontade para colocar os problemas que realmente afectam as suas vidas”, disse o candidato, para afirmar que o seu partido não foge ao diálogo e não tem vergonha de reconhecer que nem tudo está feito. “O Governo ao longo destes anos foi fazendo muito em praticamente todos os domínios da economia e da vida social, mas não era possível resolver 100 por cento dos problemas que afectam as populações”, esclareceu.
Com a convocação das eleições gerais feita quarta-feira por decreto do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, depois de ouvido o Conselho da República, o candidato do MPLA declarou ontem que agora é que a corrida presidencial vai começar verdadeiramente. Mas prometeu não parar. “Vamos continuar a andar por Angola para manter contacto directo com as populações, porque os dirigentes políticos nem sempre têm, na totalidade, a solução dos problemas do povo”, afirmou, referindo ter constatado que o MPLA tem o apoio de muitos cidadãos em todas as províncias em que já foi apresentado.“Vamos chegar à vitória, porque o povo está connosco e temos demonstrado isso”, disse confiante o candidato, perante milhares de militantes, amigos e simpatizantes do MPLA, que foram vê-lo e ouvi-lo de perto no Largo 1º de Maio, no centro da cidade de Ndalatando.
Conhecedor do povo
O representante do Conselho das Igrejas Cristãs de Angola, Marcos de Almeida, abordou com o vice-presidente do MPLA assuntos relacionados com o desenvolvimento socioeconómico da província, o estado das igrejas instaladas em todas as regiões do Cuanza Norte, bem como o processo eleitoral.Marco de Almeida, que falava à imprensa no final de uma audiência concedida pelo candidato do MPLA a Presidente da República às eleições de Agosto, referiu que João Lourenço, sendo um filho de pais religiosos, conhece bem os problemas que o povo angolano enfrenta e pediu maior apoio no sentido de resolver algumas questões relacionadas às paróquias.
Marco de Almeida qualificou João Lourenço como um candidato que domina a situação política, económica e social do país, conhece a cultura angolana, e por isso é a pessoa certa para governar o país. O representante das autoridades tradicionais, Sebastião Miguel, outra entidade que se avistou com o candidato presidencial, manifestou a João Lourenço a sua vontade em ver construída uma centralidade em Ndalatando a fim de diminuir a carência de habitação por parte da população, a reabilitação das principais vias terciárias para melhor escoamento dos produtos, bem como a criação de mais empregos para a juventude. Sebastião Miguel exprimiu satisfação pelo encontro com o vice-presidente do MPLA, por ter recebido boas garantias de resolução de vários problemas que têm afligido a população do Cuanza Norte.
O presidente do Conselho Provincial da Juventude, Anselmo Manhy, levou ao encontro um programa da juventude do Cuanza Norte e falou dos problemas da falta de casas para os jovens, a extensão da rede de Ensino Superior, emprego, crédito jovem e abertura de oportunidades para a juventude contribuir para a diversificação da economia nacional.
Outro interlocutor do candidato, Manuel Cristóvão Júnior, porta-voz dos empresários, disse no final do encontro com João Lourenço ter solicitado uma linha de crédito para que os empresários tenham dinheiro para alavancar o desenvolvimento sustentável da província nos ramos da agricultura, construção civil e projectos sociais.Manuel Cristóvão Júnior disse ter recebido óptimas garantias de que tudo aquilo que foi retratado no encontro terá resolução, umas mais urgente do que outras.
Um centro de investigação agronómica de alto nível
A reabilitação e modernização do Centro de Investigação Agronómica do Quilombo, em Ndalatando, bem como do edifício de apoio do referido espaço, vai permitir maior dinamização do sector agrícola na província do Cuanza Norte e da região onde se encontra.
De acordo com o candidato do MPLA a Presidente da República, que visitou aquele importante centro de investigação agronómica da província, o espaço é bastante importante para a economia, porquanto a agricultura assenta sobretudo na investigação científica. O centro de investigação é uma das unidades pertencentes ao Instituto de Investigação Agronómica de Angola, que tem a sua sede na província do Huambo, pelo que a investigação serve de suporte para a produção.
Para João Lourenço, quem produz precisa de investigar a qualidade das sementes, precisa de saber que doenças atacam as plantas, daí a importância deste centro para o desenvolvimento da agricultura em Angola. O director-geral do Instituto de Investigação Agronómica de Angola, Armando Ventura, disse que neste momento o centro botânico do Quilombo faz investigação de campo, ensaios, adaptação de variedades de sementes e plantas, cruzamentos e selecção de variedades.
A adaptação das variedades de plantas assenta essencialmente na emblemática Rosa de Porcelana, Gengibre e hortícolas diversas, enquanto as sementes são aquelas mais usadas na agricultura da região, o milho, o feijão, o amendoim, a mandioca, a batata-doce e a batata-rena. “Este projecto vai vingar, porque se queremos ter uma agricultura em grande escala, nós temos de fazer investigação”, disse Armando Ventura. De acordo com o director-geral, os produtores, sobretudo de milho, não conseguem atingir as 1.500 toneladas por hectare, enquanto os vizinhos da Zâmbia obtêm de 10 a 15 toneladas por hectare, o que significa que só a ciência poderá ajudar os produtores a obter mais rendimento nos seus terrenos.
Actualmente, o Instituto de Investigação Agronómica seleccionou e estabilizou uma variedade de feijão que é capaz de demorar apenas 62 dias para ser consumido, desde o momento da sementeira, ao contrário de outros que demoram até quatro meses para a colheita. A horta e botânica do Quilombo está vocacionada ainda para estudos e experimentação de plantas medicinais, ornamentais e florestais e espera poder fazer experiências com espécies raras e exóticas que constituem o património do centro e divulgar a sua biodiversidade. Com uma previsão de acolher cerca de 50 funcionários, entre engenheiros, técnicos médios, administrativos e de base, o edifício principal do Quilombo encontra-se reabilitado e apetrechado com equipamentos técnicos e laboratoriais. O horto-botânico reabilitou as estufas para a produção das mudas, o parque de máquinas e um reservatório de água que abastece os campos de investigação.
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