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Nesta pesquisa, tem-se como objetivo analisar as narrativas do livro Mais ao Sul (2008) de Paloma Vidal – corpus deste trabalho. Nesse sentido, pretende-se investigar a produção literária da autora em histórias que se constituem por deslocamentos sociais, culturais, linguísticos e subjetivos, construindo, assim, uma obra literária marcada pelo processo migratório. Sua narrativa se confunde com a própria história de vida, ou seja, contém um ‗teor autobiográfico‘ que marca a condição de estar ‗entre duas línguas e duas culturas‘, uma vez que ela nasceu na Argentina - Buenos Aires, porém viveu a infância e a adolescência no Rio de Janeiro - Brasil. Assim, nota-se que essa dualidade trouxe implicações em seu universo ficcional, pois Vidal problematizou em Mais ao Sul a condição do imigrante, a hibridação cultural, o sentimento de não pertencimento, o processo de desterritorialização do sujeito em sua formação identitária e os aspectos da memória do sujeito imigrante. Diante do caótico cenário atual, tornam-se fundamentais debates em torno de tais temas, que possibilitem o esclarecimento sobre a situação à qual estão imersos os indivíduos que se encontram em processo migratório. No presente trabalho, salienta-se a análise da construção poética da obra de Vidal a partir da imersão de sujeitos multiterritorializados em aspectos que tratam do fenômeno conhecido como desterritorialidade (HAESBAERT, 2004; VIDAL, 2004; VIDAL, 2011). Nesse sentido, observou-se que as protagonistas das narrativas, em suas experiências de imigrante ou de seus herdeiros, relataram influências que determinaram a sua consolidação como expressão de identidade. Desse modo, elas foram construídas como sobreviventes de deslocamentos sociais, linguísticos e culturais que enfrentam diversas consequências do deslocamento (in)voluntário. Em suma, destacamos as reflexões iniciadas aqui como uma contribuição pelo reconhecimento da importância das literaturas migrantes e da inegável necessidade de compreensão de um dos fenômenos mais importantes da pós-modernidade: a interdependência cultural.