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News & Events China, África e Mato Grosso
China, África e Mato Grosso
China, África e Mato Grosso
Fonte: Freepik
Fonte: Freepik

Por Alfredo da Mota

A China caminha para ser a grande potência do século 21. Entre outras andanças busca também lugares com abundância de terras para alimentos, petróleo e minérios para assegurar essa expansão econômica.
 
Trabalha num projeto chamado Nova Rota da Seda ou One Belt, One Road, em que aplicaria mais de um trilhão de dólares em infraestrutura pelo mundo. A África está incluída nesse projeto, a América Latina nem tanto.
 
Fiquemos somente no caso da África. Se lá o mercado comprador não é tão forte assim, por que a China estaria investindo tanto ali em ferrovias, estradas e portos? Para analistas do assunto a China tem interesse maior em um lugar com terras abundantes para produzir alimentos para um país de mais de 1.3 bilhões de gentes.
 
A China não quer ficar dependente em alimentos dos EUA ou da América Latina. Quer diversificar o máximo possível os lugares onde buscar alimento pelo mundo. E a África pode ser essa nova frente.
 
A África tem mais terra disponível para a agricultura do que o Brasil. A FAO diz que, somente em Angola, de 124 milhões de hectares no país, 59 milhões de hectares estão disponíveis para agricultura. Só um país possui praticamente toda terra agricultável que MT tem.
 
Produtores rurais do estado dizem que as terras da África levariam bastante tempo para produzir o que se produz no Brasil. Especialistas advertem que adubagem e sementes apropriadas podem surgir a qualquer momento e provocaria uma revolução agrícola naquele continente.
 
E se universidades na China estiverem trabalhando para encontrar meios para se ter uma forte produção agrícola na África? E se houver um boom agrícola por lá? A competição forçaria os preços das commodities para baixo aqui e no mundo. MT estaria preparado para esse novo contexto?
 
Não esquecer que a África está mais perto da China do que do Brasil. Não esquecer ainda que a Rússia abriu para os chineses a parte mais agricultável daquele país, incluindo plantio de soja e milho, com mais de 43 milhões de hectares disponíveis.
 
Tem pesquisadores brasileiros mostrando esse perigo para a agricultura no Brasil. Gentes que conhecem este assunto e trás dados sempre novos e atualizados. Um deles, Edmundo Lima Porto, manda um recado explicito para Mato Grosso.
 
Copio o que disse: “se MT não investir pesadamente na agregação de valor em sua produção o que se verá em muito pouco tempo é a corrosão do valor patrimonial das terras e a inviabilidade de muitos produtores”. Continua dizendo que nem com subsídios ou até infraestrutura adequada o setor não seria competitivo se continuar produzindo só in natura.
 
O recado é claro: se não industrializar parte da produção do campo, se continuar como é agora, além de perder mercados, o preço da terra aqui também despencaria. Antes que isso ocorra o bom senso recomenda investir na agroindústria estadual, inclusive para manter ou aumentar o valor da terra no estado.
 
Matéria publicada originalmente em O documento